adminpimenta Nenhum Comentário

​​Diante dos inúmeros desafios e transformações impostos pela crise econômico-sanitária global em curso, o Relatório de Competitividade Mundial do Fórum Econômico Mundial, publicado desde 1979, ganha edição especial em 2020. Pela primeira vez em mais de 40 anos, o estudo pausa as tradicionais classificações comparativas de países no índice de Competitividade Global e empreende maiores esforços no sentido da compreensão da reconfiguração dos sistemas econômicos mundiais em atendimento às urgências econômico-sociais para recuperação e desenvolvimento.

A edição analisa tendências históricas em fatores de competitividade e identifica as prioridades que devem ser adotadas a curto, médio e longo pra​zos para a reconfiguração sustentável dos sistemas econômicos. Para tanto, mantiveram-se os quatro fatores-chave utilizados nas edições anteriores, com foco agora no potencial disruptivo que o momento apresenta: ambiente favorável, capital humano, mercados e ecossistema de inovação.

Se antes da crise do COVID-19 a erosão das instituições era questão central ​​no que tange o fator de ambiente favorável, agora se fazem ainda mais urgentes estratégias de longo prazo de governo, aprimoramento e digitalização de serviços públicos e reconstrução da confiança pública. Mais ainda, deve-se priorizar a expansão e atualização da infraestrutura para acesso inclusivo às tecnologias de informação e comunicação (TICs). Além disso, a escalada exorbitante dos níveis de endividamento público em nível global, resultante das ações de emergência frente à crise, aponta a necessidade de reformas nacionais para tributação mais progressiva e do estabelecimento de uma estrutura de cooperação internacional.

Vale observar também o avanço acelerado da Quarta Revolução Industrial em função da adoção de tecnologias em resposta à pandemia. A velocidade exigida para readaptação dos negócios resultou, entretanto, em amplas perdas de emprego e renda. Nesse sentido, sugere-se a intensificação de programas de qualificação e requalificação voltados para os chamados “mercados do amanhã” e a adaptação das leis trabalhistas. A expansão da infraestrutura e o incentivo à inovação dos sistemas de saúde também despontaram como necessidades centrais à valorização do capital humano das nações.

Outro fator crítico para o curso das revitalizações é a frágil estabilidade dos mercados financeiros. Devem-se promover incentivos financeiros para que as empresas empreendam investimentos sustentáveis e inclusivos e, mais ainda, repensar a concorrência e as estruturas de mercado necessárias ao avanço da Quarta Revolução Industrial, seja a nível local ou internacional. A difusão da colaboração público-privada aparece como estratégia fundamental para consolidação dos “mercados do amanhã”.

Finalmente, em relação ao ecossistema de inovação, com vistas a contornar a estagnação da criação de novas empresas e tecnologias de ponta contrastante com a evolução da cultura empreendedora, sugere-se que os países expandam os investimentos públicos em P&D, incentivem o capital de risco e a P&D no setor privado e promovam a difusão das tecnologias existentes que servem aos “mercados do amanhã”. A adoção de princípios de diversidade, equidade e inclusão seriam extremamente benéficas ao potencial criativo das empresas.

Com base nessas quatro áreas de ação, avaliou-se a prontidão para a transformação de 37 economias pela conversão das prioridades adotadas em medidas quantitativas. Os resultados indicam que, ainda que nenhum país esteja totalmente preparado para se transformar de forma completamente sustentável e inclusiva, alguns estão mais do que outros.

Em quatro das cinco prioridades com dados disponíveis para o Brasil, o país encontra-se abaixo da média de prontidão para as economias avaliadas: 39.5 para a atualização de currículos educacionais e expansão de investimentos nas habilidades necessárias para os “mercados do amanhã” (contra uma média de 55.3); 44.0 para a transição para uma tributação mais progressiva (contra uma média de 50.0); 45.3 para a criação de um ambiente de governança confiável e com visão de longo prazo (contra uma média de 60.0); e 51.0 para a reestruturação das leis trabalhistas e proteção social com vistas às novas necessidades da força de trabalho (contra uma média de 61.4). Para a atualização da infraestrutura para acelerar a transição energética e ampliar o acesso à eletricidade e às TICs, o Brasil alcançou pontuação de 79.4, sendo a média dos países de 78.4. Esses dados podem ser ilustrados pela perspectiva empresarial sobre as condições do país: ainda que tenha avançado nos últimos ano, a percepção da estabilidade governamental atinge pontuação de apenas 33.2 e a avaliação da capacidade de resposta do governo para a mudança alcança apenas 38.4, combinado a um score de apenas 31.1 para sua orientação para o longo prazo. Além disso, aponta-se certa limitação na formação de habilidades no país: o grau de satisfação da comunidade executiva é de 32.1 para o ensino básico e 45.1 para o ensino superior.

​Apesar de lamentarmos a descontinuidade na publicação do relatório global de competitividade concordamos que o momento é de se pensar em novas caixas e provocar tanto o setor publico quanto o setor privado a assumir o compromisso de assumir a responsabilidade de levar o Brasil para novos patamares competitivos criando condições sustentáveis para um desenvolvimento inclusivo da nossa sociedade. Não fazer nada não é uma opção. ​

Quer aprimorar sua competitividade de mercado? Nos contate pelo telefone: (31) 9.9201-1496